Centenas de pessoas estão a transformar as suas hortas tornando-as biológicas e mostram interesse por esse tipo de cultivo. Desde Outubro de 2008, altura em que a Fundação BioLogica, sediada na Maia, promoveu o primeiro curso «BioHorta» – criação de uma horta biológica –, muitas pessoas passaram por esta formação e estão a cultivar os seus terrenos segundo o modo de produção biológica.
O curso tem-se realizado em várias cidades do país - Vila Nova de Gaia, Matosinhos, Aveiro, Sintra, Leiria, entre outras - e tem como objectivo promover a agricultura biológica em Portugal e a bio-economia. No próximo fim-de-semana, decorrerão em Santarém e em Braga e têm a duração de 12 horas. São desenvolvidos em parceria com as entidades locais. Com a formação pretende-se dotar os participantes dos conhecimentos técnico-cientificos para criarem e manterem a sua horta biológica, obtendo assim produtos mais saudáveis para a sua alimentação, ao mesmo tempo que contribuem para um melhor ambiente e para uma actividade de ar livre extremamente saudável. Os alimentos cultivados são os da estação e variam segundo o gosto das pessoas.
Sofia Lobo, da Fundação BioLogica, explicou a Ciência Hoje que têm surgido vários pedidos de informação por parte do público e foi nesse contexto que surgiu o curso. "A actividade é recente em Portugal e incentivar as pessoas para a agricultura biológica é uma forma de salvaguardar e proteger o ambiente".
A população é bastante transversal, segundo Sofia Lobo, pois "não só aderem cidadãos em geral e no activo, como também produtores agrícolas, aposentados, estudantes e 80 por cento dos candidatos tem formação superior em várias áreas e podem até se tornar agentes económicos."
São cada vez mais os cidadãos que pretendem ter a sua horta-jardim, já que na agricultura biológica é conveniente ter grande diversidade de cultura em conjunto com as ervas aromáticas e condimentares, permitindo transformar os espaços verdes em bonitos e aromáticos jardins com hortícolas.
Produtos químicosContudo, a informação disponível sobre este modo de produção mais amigo do ambiente é ainda insuficiente e muitas pessoas tinham optado pela não utilização de químicos de síntese, mas conseguiram obter produções com qualidade.
Para este modo de cultivo, ao contrário do que muitos pensam, não basta deixar de utilizar os produtos químicos para fertilização e controlo de pagas, existe sim um conjunto de técnicas para a prevenção, e a necessidade de usar fertilizantes e de outros tratamentos para pragas – produtos orgânicos autorizados.
É também de referir que numa pequena horta de 50 metros quadrados é possível produzir 300 quilos por ano de produtos hortícolas, o que num agregado familiar é uma economia bastante considerável.
Segundo este modo de produção, cada cidadão está a proteger o solo, a reciclar os desperdícios para criação de um fertilizante orgânico, a defender a não poluição das águas e a contribuir para o aumento da biodiversidade.
Num tempo em que a crise económica é real e afecta todos, cada família tem assim a possibilidade de transformar o seu espaço num espaço produtivo de onde pode retirar parte dos vegetais que necessita para a sua alimentação.
fonte: cienciahoje.pt